quinta-feira, 28 de abril de 2011

A qualidade da água nos rios do Brasil

A baixa qualidade da água nos rios é um dos principais problemas enfrentados pelas populações das grandes cidades brasileiras. Mas não é só: a poluição afeta a biodiversidade e compromete uma série de serviços ambientais prestados pelos ecossistemas. Para entender em qual estágio de pureza estão os corpos d'água de uma das florestas mais ameaçadas do planeta, a Fundação SOS Mata Atlântica coletou e analisou amostras de 69 rios espalhados por 70 municípios em 15 estados brasileiros desde maio de 2009. O estudo, porém, apenas verificou as visitas feitas entre janeiro e dezembro de 2010, com um total de 43 rios e 39 cidades brasileiras de 12 estados mais o Distrito Federal. O resultado não é nada animador.

As coletas de água foram realizadas em corpos d'água de regiões urbanas, mesmo no caso dos parques. Portanto, a principal fonte de poluição constatada foi o esgoto doméstico sem tratamento, ou com baixos índices de tratamento de esgotos. As consequências mais nefastas são as doenças de veiculação hídrica, o impacto aos ecossistemas e o empobrecimento das regiões afetadas pela poluição dos rios", avalia Malu Ribeiro, coordenadora da Rede de Águas da Mata Atlântica na SOS.

É mais do que urgente, aliás, abrir os olhos para os impactos. Isso porque, dos 43 corpos d´água monitorados, 70% se enquadram no nível regular, 25% no ruim e 5% no péssimo. Ou seja, absolutamente nenhum chegou perto de índices de pureza considerados satisfatórios. Com 34 pontos, o Rio Doce (em Linhares, Espírito Santo) e a Lagoa Maracajá (Lagoa dos Gatos, Pernambuco) lideram o ranking. Já o Rio Verruga (Vitória da Conquista, Bahia) e o Lago do Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro, RJ), com 19 e 17 pontos, respectivamente, amargam as últimas colocações.

Há maneiras de se contornar este quadro até certo ponto sombrio. A primeira delas é convencer as comunidades ribeirinhas e a sociedade como um todo do caráter indispensável da água, um bem escasso, para a vida. Ela indica que ainda vivemos o falso senso comum de que a água é abundante no Brasil. Já a segunda é o planejamento integrado das bacias hidrográficas brasileiras com o saneamento básico.

"Ainda não somos capazes de planejar ações que minimizem os eventos climáticos extremos, como as grandes secas ou as grandes cheias e a cada ano assistimos às mesmas tragédias anunciadas, que afetam drasticamente as populações mais desprovidas de recursos que moram em áreas de encostas, fundos de vales, várzeas e beiras de rios (as APP - áreas de preservação permanente - determinadas pelo Código Florestal) e que têm a função de resguardar a vida e o equílibrio hidrológico".

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